quinta-feira, 7 de abril de 2011

O olhar de quem "vê"

Oi, gente! Eu não ia postar hoje, não, afinal, já fiz isso ontem e estou cheia de coisas da faculdade para fazer. Mas, enfim, eu senti necessidade de compartilhar alguns pensamentos que estava tendo hoje na volta para casa.



O título é "o olhar de quem ". Não estou falando aqui de cegueira, o "vê" tem a ver com verdadeiramente enxergar a seu redor. Afinal, a maneira com que vemos o mundo o muda.

Lá estava eu no ônibus, olhando pela janela para o trânsito das seis da tarde, refletindo sobre coisas que eu precisava fazer... até que vi. Enxerguei, não apenas foquei sem ver. No céu. Havia uma nuvem m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a, que mais parecia um monumento. Juro, foi quase um susto. Porque eu não tinha reparado, mas havia uma massa gasosa imensa esculpida ao meu lado, alaranjada, com uma forma imponente. E fiquei pensando no quanto aquilo era bonito. Mas não havia ninguém mais olhando. Pensei nas centenas de carros enfileirados no engarrafamento, nas centenas de pessoas, mas aposto que se fosse feita uma estatística, nem dez delas teriam dito que viram a tal nuvem.

Um céu vasto e lindo - foi o que pensei. O tempo todo com a gente, o tempo todo no nosso dia, mas ninguém o admira.

E então, com minha "visão" agora mais aguçada, parei para prestar atenção em outros detalhes à minha volta. Com novos olhos, olhos capazes de olhar para a beleza, vi um avião pequenininho decolando lááá longe. E pensei não quão incrível é se conseguir vencer a gravidade. Vi também um bando de aves voando na frente da nuvem-monumento e sorri em silêncio. Tudo agora parecia existir, não apenas compor um cenário.

Porque é assim que se parece na vida cotidiana. Nós estamos o tempo todo concentrados em nosso próprio mundo interior, em nossos problemas, preocupações, atividades, que quando olhamos por uma janela não vemos o que está lá fora. Simplesmente desligamos. Quando reparamos, reparamos nos problemas. Na calçada que está rachada, no poste quebrado, no mendigo dormindo, na pixação no muro.

Quando viajamos para alguma cidade ou país, parece que exercitamos a visão. Soltamos "oh" de deslumbre o tempo todo, e ficamos atentos em cada elemento para nunca mais esquecer. Levamos máquinas fotográficas e tiramos fotos de qualquer detalhezinho interessante. Mas pode reparar que os moradores da cidade que você está visitando não olham duas vezes para o que tanto te encantou. Por que perdemos o hábito de apreciar? Mesmo que a gente não more em Paris ou em Roma, em que em cada esquina tem um zilhão de coisas incríveis para ver, temos que buscar procurar aquele detalhe bonito. Com certeza ele está lá. De qualquer forma, há sempre o céu, a lua e as estrelas.

É verdade que há muitas coisas ruins acontecendo, e há deterioração em todo o lugar, mas acredito que é fundamental que a gente saiba ver a beleza escondida no meio de tantas coisas não-certas. Pois só reparando e apreciando essas coisas, é que nós conseguimos dar valor a elas. Só assim nós conseguimos zelar por isso e evitar que mais degradação aconteça. Sem falar da esperança. Traz esperança ver o que não vemos normalmente (mas deveríamos).

Depois que passei a notar ao redor do que eu estava - não de um engarrafamento chato, mas abaixo de um céu espetacular, um pôr do sol lindo, árvores legais com ramificações super diferentes, aviões com pessoas indo e vindo há milhas de distância, pássaros migrando em busca de alimento, uma única flor rosa solitária nascendo num galho no tronco de uma árvore de cerrado... É natureza. É vida. É esperança. E não só natureza podemos encontrar, mas quando estamos "vendo", percebemos que há amor ainda, há luta pelo bem, há salvação, apesar de todos os problemas cotidianos pelos quais passamos. Logo que vi a nuvem, olhei para uma árvore e li uma placa pregada nela com a palavra JESUS. E só. Simplesmente uma palavra. Olhei para as muretas/grades colocadas para delimitar a área de obras de viaduto, e vi plantas trepadeiras subindo por elas, lembrando-me que a natureza, apesar das intervenções, ainda está aí. E fiquei triste que ninguém mais tenha visto. Que as pessoas, no geral, parecem totalmente concentradas em algum assunto particular qualquer. E  o pior, ninguém gosta de sequer pensar que estava sendo sensível. As pessoas tem vergonha de "ver" e mais ainda de admitir que viram, que refletiram. Não consigo entender por quê. Artistas conseguem enxergar além, conseguem numa foto captar o que deixamos passar despercebido, conseguem exprimir numa poesia o que sua alma sentiu. E muita gente tem vergonha de mostrar, ou acha perda de tempo fazer esses exercícios. O que é uma pena.

Porque ver nos ensina que nosso mundo próprio não é o único. Que vivemos num lugar maravilhoso, e que os problemas que estão por aí (trânsito, barulho, desrespeito ao ambiente, etc, etc), é por falta de visão. Uma que todos possuímos, só basta educarmos nossos olhos para enxergar por ela. Experimente, você vai ver que é como colocar um óculos especial: o mundo vai parecer muito mais bonito. E seus problemas, de repente, não vão parecer mais tão grandes assim.

Por: Ana Paula Fogaça

Um comentário:

  1. Realmente agente tem que parar um pouco pra reparar o que há em volta..As nuvens são umas das coisas mais legais pra se ficar olhando, mesmo quando elas ñ lembram nada em especial consigo imaginar mil coisas é simplismente relaxante e da um certa alegria

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