terça-feira, 26 de julho de 2011

Namore uma garota que lê

Estava vagando pelos blogs literários e encontrei esse texto lindo com o qual logo me identifiquei. 
Não é difícil, quero dizer, se identificar, se você é uma leitora de verdade. Logo na primeira frase que li já dei um sorriso, porque, é, eu realmente gasto uma boa parte do meu dinheiro em livros. Não posso entrar numa livraria e sair de mãos vazias (embora isso às vezes aconteça, mas, é claro, se você é um Leitor, diz se não dá aquela tristezinha, mesmo que você já tenha um monte de não-lidos em casa?)
Vou parar de enrolar e deixar que vocês conheçam o texto (caso ainda não conheçam). E se tiver algum candidato a príncipe lendo isso agora (ha ha), olha, fica a dica...

Namore uma garota que lê
de Rosemary Urquico

Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta(ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings.Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.

Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.

Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.

 ***
Amei ainda mais a frase final! ;D

terça-feira, 19 de julho de 2011

O Fim

...
...
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Um minuto de silêncio, porque não há o que dizer. 
Em todo fim existe uma pausa, uma pausa porque não temos palavras. Porque é desnecessário. Porque o vazio chega de repente. Porque o que quer que se diga não vai conseguir descrever as sensações.
Porque você precisa entender que acabou. Mas isso não significa que acabar seja ruim. Não podia durar para sempre, afinal de contas. E se durasse, não teria graça.
Assim é com quase todos os fins. Os que tem significado, pelo menos. Um fim marca. Marca o início de algo novo, marca o término de algo que viveu com você, o que você estava acostumado a ter, a esperar, a desejar.
O pior do fim é saber que não haverá um depois. O que ansiar. Porque você gosta de saber que ainda não acabou. Gosta de pensar que há mais daquilo para se absorver, aprender e te fazer companhia, aquela companhia que você adora ter.
Mas o fim não precisa ser o esquecimento. Não precisa ser a ruptura. É apenas o aviso de que agora você pode olhar para trás sempre que quiser e viver tudo aquilo de novo. Só não há mais daquilo pela frente. Mas está completo. A beleza de ter havido um fim é a beleza de saber que o que se iniciou não teve apenas um meio comprido. Ver um fim é ver a completude, é poder contemplar o todo e sua trajetória até o ponto de chegada. Onde está toda a emoção. O ponto final de um texto escrito por um longo período. Ansiamos pelas próximas palavras, mas só entendemos por completo, só faz sentido e as lágrimas derramam, quando percebemos que ele chegou. 
O Fim.

Texto de: Ana Paula Fogaça



Minha intenção inicial ao escrever esse texto era ser uma introdução ao post onde comentaria sobre o fim da saga Harry Potter, com As Relíquias da Morte - Parte II.
Mas vocês veem que foi um pouco além disso! rsrs
Falar sobre o fim de Harry Potter foi falar sobre os fins em geral. De livros, séries, filmes, de situações que vivemos, de vidas. Porque um fim é um fim. Para mim, é tudo aquilo que acabei de escrever.

Nessa época em que o mundo inteiro está abalado com o término das aventuras do bruxo mais famoso do planeta, nada mais coerente do que refletir sobre os pontos finais. O que é, na verdade, assunto da própria história da saga. Ao escrever esse texto, pensei no fim de algo que acompanhou uma geração inteira, o fim dos filmes que nós esperamos com certa frequência há mais de oito anos, para dar continuidade a uma história que encantou pessoas de todas as idades. Assim como também pensei no fim de alguns dos personagens (e os consideremos aqui como pessoas de verdade), algo que sempre foi tão abordado na série: a morte. O que significa o fim de uma vida e o significado dela - e de sua perda - para aqueles que continuam?

A série Harry Potter nos ensinou muitas coisas, nos levou ao mundo da magia, onde com certeza todos (ou muitos) gostariam de viver. Estudar em Hogwarts, aprender feitiços... Coisas que fizeram uma porcentagem imensa de crianças e adolescentes sonhar, por vários anos.
Se para nós, fãs, é triste se despedir dos filmes que sempre chegavam como parentes distantes para uma visita mais do que esperada, imagine como deve ter sido para os atores da série, que cresceram e amadureceram juntos nessa jornada. Imagine J.K Rowling, que passou anos de sua vida imersa nas aventuras de Harry. 

O fim chegou, mas, como eu disse, ele é só o fechamento de algo que podemos ver e rever sempre que der saudade. Poder assistir A Pedra Filosofal e lembrar de que você estava quinta série, sonhando com uma cartinha de Hogwarts chegar na sua caixa de correio, e que quando releu A Câmara Secreta você nem fazia ideia da verdadeira lealdade de Severo Snape. Que assim que ganhou O Prisioneiro de Azkaban no natal você fechava os olhos para imaginar que estava voando num hipogrifo. E que ao devorar O Cálice de Fogo num dia chuvoso você não sabia como seria o rosto ofídico de Lord Voldemort no cinema. E que ao pegar nas mãos A Ordem da Fênix você não tinha muita certeza se daria conta de ler um livro tão grande, mas sabia que de jeito nenhum esperaria o filme para saber a história. E que você não aguentava mais a espera do Enigma do Príncipe, e que releu naquelas tardes sonolentas das férias na praia. E que quando finalmente foi lançado As Relíquias da Morte, você dava suspiros de surpresa o tempo inteiro e não acreditou quando virou a última página, sozinho em casa, conversando consigo com o livro fechado.

Sobre o filme, Relíquias da Morte - Parte II, nem sei o que dizer. Foi incrível, tudo aquilo que eu esperava, e mais, porque na tela do cinema eu pude ver o exército de Voldemort,  cenas que não estavam sob o olhar do Harry, reproduzidas fantasticamente. Os efeitos especiais foram maravilhosos, o dragão estava demais!, e a cena do beijo entre Hermione e Rony foi linda, surpreendente! Não tem nem o que falar das cenas da penseira, a história do Snape... a cena dele e Lílian quando crianças embaixo da árvore... a luta final entre Harry e Voldemort... Ufa. Sério, foi emocionante, lindo demais! Agora quero reler toda a série! rsrs E rever o filme (desta vez em 3D e sem garotos mau-educados rindo e falando a cada minuto, na fileira de trás), e comprar As Relíquias da Morte - Parte I, para completar a coleção, e ir ao Parque do Harry Potter na Disney... e esperar o site Pottermore, e tudo o mais que puder me lembrar dessa saga que marcou minha vida e a de tanta gente.


Por favor, se desejar divulgar o texto e essa resenha, me avise, cite a fonte e o autor. Obrigada.


Ana Paula Fogaça